ENTREVISTA – Esquife Horror Punk do Rio Grande do Sul

By 10/11/2016Entrevista
Horror Punk ENTREVISTA - Esquife do Rio Grande do Sul

Horror Punk de HellCife…

Se um cidadão olhar para você naquelas discussões de mesa de bar, falar que entende de Horror Punk, e em seguida diz que não conhece Esquife, amigo, essa pessoa não entende nada!

A Banda Esquife, proveniente do Estado do Rio Grande do Sul, é sem dúvida uma das bandas que representa fortemente o nosso Horror Punk nacional. Com letras de temática horror, fortemente baseadas no rico folclore nacional, o Esquife vem a anos conquistando fãs em toda parte do País.

Tive o prazer de conversar com o Kako, Frontman da banda.

 

Segue a entrevista:

POPEYE

– O Esquife tem uma qualidade absurda em suas composições, assim como na execução de todos as músicas. Todos vocês já tocaram em outras bandas por ai no sul? Como foi esse encontro de vocês, músicos, que acabou culminando na formação da banda?

KAKO

– Primeiramente, agradeço o “qualidade absurda”. A gente faz o possível. Mas acho que ainda falta muito pra chegarmos em uma qualidade realmente foda. Todos os 4 “esquifes” já tiveram outras bandas por aqui, sim. O André, nosso baterista, teve uma banda de psychobilly, além da que fazia cover de Misfits, banda de onde surgiu a Esquife. O Felipe, baixista, também fez parte dessa banda psycho, entre outras que ele tocou. O Adriano também teve outras bandas, incluindo uma de deathcore. Eu já tive diversas bandas, desde punk rock até umas junções pra tocar heavy metal com amigos. Minha primeira banda foi em 1995. Sobre nosso encontro, eu tinha recém saído de uma banda e eles estavam com a que fazia cover de Misfits. Entrei pra fazer uns shows e sugeri fazermos algo autoral. Galera topou a ideia. Então, surgiu a Esquife.

Bala de prata na agulha, já guardada pra você!
uma das que mais curto, de vocês
hahahha
só pra constar

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POPEYE

– HAHAH… valeu, cara!
Continuando… O sul do país tem uma tradição enorme quando o assunto é psychobilly. Vocês mesmos tem integrantes que já tocaram em bandas desse estilo, mas decidiram fazer uma banda Horror Punk, o que é ótimo. Como surgiu a ideia? O que motivou isso? Desde o início era pra ser horror punk ou vocês ficaram meio que na balança entre horror punk e psychobilly?
Pode parecer meio redundante depois da sua última resposta, da banda cover do misfits e tudo mais, mas rola a curiosidade.

KAKO

– Eu sempre gostei de ambos estilos, embora conheça Horror Punk desde 1991 e tenha conhecido Psychobilly muito depois. Quando a ideia da Esquife surgiu, era pra ser Horror Punk mesmo. Nunca tivemos dúvidas. Apesar de termos uma ou outra que puxe pro lado psycho, o foco é o horror. Como eu havia dito, a banda cover de MIsfits mostrava o interesse e a aptidão da galera pra fazer esse tipo de som. O que fizemos foi só unir o inútil ao desagradável.

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POPEYE

– Pelo que vi vcs costumam tocar em muitos eventos com bandas de vários estilos. É interessante pra vcs sairem da zona de conforto, tocando pra todo tipo de roqueiro?

KAKO

– Sim, cara. Aqui, em Porto Alegre, as barulheiras só começaram a se separar no fim dos anos 90. Antes disso, barulho era barulho. Punk, metal, etc. Tudo que tivesse vocal gritado e guitarra distorcida era coisa boa, pra quem era do estilo. Por isso, é sempre divertido fazer shows com diversos tipos de som. Também tem a questão das influências, que são as mais variadas.

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POPEYE

– Uma das músicas que mais gosto de Vocês é “O Gritador”, e isso me faz pensar nas letras, boa parte delas focadas no folclore nacional, em lendas do Sul e de outros lugares do Brasil. Nos próximos trabalhos a banda continuará seguindo essa linha em suas letras?

KAKO

– O Gritador é a nossa mais conhecida. Galera sempre pede. Em shows, ela sempre tem que ser tocada. A ideia das letras serem sobre folclore nacional é a base da banda. Não tem como mudar isso. Uma ou outra é mais genérica, mas sempre procuro escrever com base em alguma lenda. Sei que isso deixa a coisa um pouco limitada, mas o Brasil é muito rico de histórias de assombrações. Então, acho que tem bastante território pra explorar.

POPEYE

– Vocês já tem um novo trabalho em andamento para ser lançado?

KAKO

– Cara, o ano não tá dos melhores pra maioria dos brasileiros. Não somos exceção. Temos músicas novas, mas a falta de tempo e de dinheiro, nos impede de gravar decentemente e lançá-las. Mas nosso plano é, no ano que vem, começar a gravar e logo teremos algo novo.

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POPEYE

– Pretendem lançar a mídia física? Falando em mídia física. O que vc acha desse lance de lançar o cd como antigamente: físico, prensado, com encarte e tudo mais? Nesses tempos de Mp3, vale a pena a banda investir nisso tudo?

KAKO

– Pois é. A gente lançou um CD, pra ter um registro, uma vez na vida. Fizemos as músicas, gravamos, mixamos, pagamos a prensagem, eu fiz as artes do encarte. Foi tudo bem independente. Teve muita gente que comprou, em diversos estados, inclusive. Enviamos pra uma galera do Brasil todo. Mas foi só um. Acho que não faremos isso de novo. O retorno foi bom, mas acho que não teríamos o mesmo retorno, se lançássemos outro.

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POPEYE

– Rolou um pouco de decepção?

KAKO

– Não, jamais. Foi muito legal fazer toda a função. E a galera curtiu. Mas eu sinto que fazer uma segunda mídia física não teria o mesmo impacto. Seria tipo a continuação de um filme, daqueles que só o primeiro é bom.

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POPEYE

– Sobre o horror punk nacional. Como vocês enxergam o horror punk feito aqui? O que acham que poderia ser melhorando no estilo e nas bandas? Como vocês enxergam o futuro do horror punk nacional?

KAKO

– O Horror Punk nacional tem um grande potencial, muitas bandas legais e consolidadas e muitas novas surgindo. Mas, infelizmente, ainda é um estilo MUITO underground. Pouquíssimas pessoas conhecem e curtem. falta divulgação em mídia tradicional. Era só rolar em um desses programas de TV ou em canais do youtube mais conhecidos e talvez a coisa começasse a se expandir. Sobre as bandas, o que eu vejo como um erro é a qualidade da gravação. No Punk tradicional, não existe uma preocupação com isso. Mas, no Horror Punk, é importante a gravação ter um nível superior, até pra chamar a atenção para o gênero. Investir na qualidade sonora ajuda muito.

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POPEYE

– Eu noto que o horror punk hoje em dia tem se distanciado das origens, ou seja, filmes e livros de terror. Bandas novas surgindo e os integrantes só sacam filmes novos, e muitos nem leem. O que você acha disso?

KAKO

– Por um lado, eu acho ótimo. Buscar novas fontes é uma excelente forma de fazer o gênero progredir. Mas, ao mesmo tempo, é necessário que exista uma alfabetização no Horror Punk, pra que se possa saber pra onde ir. Sem fugir muito da temática, dá pra pensar em muita coisa. Nos Estados Unidos, existem exposições de horror, onde uma galera se encontra pra falar sobre filmes, livros, arte e música com a temática de terror. Phil Anselmo e Kirk Hammet são duas figuras que gostam e frequentam esses eventos. Aqui, no Brasil, seria ótimo se rolasse isso.

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POPEYE

– Me fale um pouco do futuro da banda, dos shows e trabalhos futuros. Para onde caminha o Esquife?

KAKO

– Pra baixo da terra. Hahahaha! Falando sério, a Esquife tá meio em slow-motion esse ano. Poucos ensaios, poucas músicas novas e quase nada de shows. O caminho é lento, mas os planos são um EP novo pro ano que vem, ao menos. Quanto aos shows, a gente vai fazendo o que aparece de legal. Gostaríamos MUITO de tocar em outros estados, conhecer as outras bandas de Horror Punk nacional ao vivo, inclusive uma tal de Sertão Sangrento. Mas a realidade atual nos veta.

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POPEYE

– aqui eu garanto que muita gente conhece vocês

KAKO

– Pô, seria legal demais!

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POPEYE

– Pra finalizar, mande um recado para o pessoal do horror punk nacional que está querendo montar banda e para as pessoas que apenas gostam do estilo.

KAKO

– Galera que quer montar uma bande de Horror Punk: gostam de filmes, histórias de horror, livros? Já viveram experiências assustadoras? Sabem tocar um instrumento ou cantar? Gostam de bandas de Horror Punk? Montem uma! Mas estejam cientes de que estamos no Brasil. Não esperem nada de ninguém, e não pensem que vão viver da música de vocês sem ter família rica. O lance é feito por amor (ou seria horror?). Tem que gostar mesmo, e se identificar com o gênero. Horror sempre!
Mandar abraço pra todas as bandas de Horror Punk nacional que existem, que já existiram e que ainda vão existir. Vamos fazer essa porra de gênero ficar mais conhecido. Tem muita coisa legal, bem feita e divertida nele. Também quero agradecer a entrevista e os elogios à Esquife, já que é raro esse reconhecimento. Valeu, Popeye. “Morte longa” à Sertão Sangrento!

Página oficial:
https://www.facebook.com/esquife/

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